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quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

"Why Does My Heart Feel So Bad ?"

Why does my heart feel so bad ?
Why does my soul feel so bad ?

These open doors
(Moby - "Play")

O que esta música consegue reflectir um estado de alma...

terça-feira, 28 de novembro de 2006

A memória não me há de trair...

Não me esqueço.
Daquele gajo alto, das camisas havaianas, das piadas fáceis.
Da sua enorme criatividade.
Dos seus cartoons e caricaturas que faziam chorar. A rir…
Da paixão pelo cinema que contagiava todos à volta.
Dos seus títulos de jornal e trocadilhos.
Do seu see food (trocadilho de seafood).
Não me esqueço porque está. Aqui. Comigo.

Não me esqueço.
Daquela menina tímida.
De sorriso pronto.
Capaz de animar tudo e todos.
Das enormes noites de conversas.
Dos amores e desamores.
Da amizade que tudo permitia.
Das esperas e desesperos.
Não me esqueço porque está. Aqui. Comigo.

Não me esqueço.
Daqueles cabelos encaracolados.
Daquele sorriso de orelha a orelha.
Das primeiras conversas.
Das noitadas a descobrir. Descobrirmo-nos.
Das tampas, uma atrás da outra.
Dos telefonemas cheios de saudade.
Dos corpos cheios de areia, em mais uma tarde de praia.
Não me esqueço porque está. Aqui. Comigo.

Não. Não me esqueço.
Das tardes nas esplanadas. Esplanadas de todo o lado. Com esperas, sem esperas. Com birras, sem birras. Com tampas, sem tampas. Mas sempre com muita gargalhada.
Uma esplanada qualquer espera-nos algures nesse éter…

domingo, 26 de novembro de 2006

Isto é um pesadelo



Perder três dos melhores amigos de uma vez. Não choro por eles que estavam a fazer algo que lhes dava a razão de viver. Choro pela falta que me fazem. E é tanta...

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Férias nos Açores ou The quest for the holly whale...


A missão não era a mais difícil.

Mas a natureza tem destas coisas. Nem sempre nos deixa ver aquilo que procuramos...

Aqui vai o registo diário de umas férias (de 4 a 12 de Junho) em busca do mamífero dos mares. O maior, claro está. Porque o dos saltos rápidos e acompanhante dos barcos, já vi no Sado.

Açores. Essa terra perdida no meio do Atlântico. Uma jóia da natureza, amada por todos os que a visitam. E merecidamente amada...

Dia 1 - O início das buscas

Lisboa - Faial

Quem acha que aterrar no Funchal é uma aventura, nunca o fez no Faial. Azul mar de um lado, verde pasto do outro, pista pequena, avião a travar assim que pousa os trens de aterragem... Uma emoção, sobretudo quando se percebe que o fim da pista se aproxima galopante... Achei que ia conhecer a "horta" logo ali...

Horta, Faial: Peter, Marina; Marina, Peter; Peter, Marina; Marina, Peter; Mar, verde, campo, azul, veleiros, estrangeiros, nacionais. O verdadeiro melting pot...

É giro, isto!Só não encontrei quem me explicasse o que fazia um Jaguar numa ilha que se percorre em menos de uma tarde e que, claramente, não tem estrada para o animal...

Amanhã: Baleias!

Dia 2 - Uma fantasia chamada Pico

Há uma ilha que tem um nome que só acredito pelas fotos: O Pico.
O nome está lá, o dito é que nem vê-lo...

Nuvens, nuvens, nuvens e, nos intervalos, mais nuvens... A ilha é lindíssima! As nuvens é que deixam a dúvida sobre a existência do dito Pico...

Ver Baleias. A idéia era um dos aliciantes para a minha vinda aos Açores. Munido de carro alugado, toca a correr para as Lajes do Pico, Espaço Talassa, para poder ir ver os maiores mamíferos do Mundo!

50 euros para ir ver golfinhos... Menos pago eu na viagem Tróia-Setúbal e já lá vi golfinhos: "Baleias? Não dá para ver?"
"Não foram vistas. Mas se quiser arriscar..."
"Não, muito obrigado. Vim ver Baleias. Golfinhos já vi!"
"Então adeus, seu forreta... Por isto é que gostamos dos estrangeiros... Pagam para ver o que quer que seja..."

E foi o que vi de baleias no Pico... Até o Museu estava fechado. Feriados regionais...O resto do Pico é muito bonito.

Ah! A generosidade das pessoas do Pico é o máximo! Sem mais nem quê, eis dois continentais presenteados com Pão do Espírito Santo. É o máximo!

A viagem Faial-Pico-Faial é muito divertida. Cuidado é com os enjoos...

Dia 3 - Faial, mesmo sem Baleias

Faial: A ilha é mesmo muito bonita.

E perceber o quão pequenos somos perante a força da natureza é impressionante!
Os Capelinhos, a Praia Norte e todas as manifestações desta natureza selvagem são uma lição de humildade para os humanos. Apesar da tragédia, é bom existirem sítios assim!...

Praia e Caldeira é que nem ver... Nuvens, nuvens, nuvens... Já parecia o Pico...

Destaques: - Porto Pim
- Capelinhos
-Vertente norte do Faial
- Praia do Norte - Capelo;
- Restaurante Capitólio
- O Barão
- Taberna do Pim
- Café Internacional (espaço giro, pouca gente, bebidas "telefónicas" muito boas...)
- Peter Café Sport (pura e simplesmente incontornável...)

Grande destaque: As Pessoas! São gente à parte. Generosas e acolhedoras. Só pelas pessoas os Açores merecem uma visita!

Dia 4 - A busca muda de base: S. Miguel

Viagem Faial - S. Miguel.

Conselho: Esqueçam aquela história de fazer o check-in duas horas antes. No Faial 45m chegam...
É que acordar de madrugada para ir directamente para o aeroporto...
Francamente... Nunca me senti tão estúpido... Isto de ser de Lisboa tem consequências parvas... Mas deu para beber uma "Laranjada" (Marca Registada, pelo menos nos Açores): A bebida mais artificial que bebi nos últimos tempos - é o máximo!

Quanto à viagem, foi giro voar num avião que tinha as ventoinhas no lado de fora...
A descolagem teve uma grande vantagem: Deu para perceber que o Pico existe! Acima das nuvens dava para ver a montanha mais alta de Portugal!

A viagem foi gira, com direito a uma turma de putos, com a barulheira inerente...

Ponta Delgada: Finalmente S. Miguel! Hotel Avenida: As saudades que tenho dos Hotel Canal...

Ponta Delgada é aquele misto de vila de provincia com capital de região... É estranho...

Restaurante S. Pedro em Ponta Delgada: Uma descoberta que vale a pena.

Ah! Marcada viagem para ver Baleias. Será que é desta?...

Dia 5 - The quest

Acordar de madrugada, com a excitação de ir ver Baleias!...
Não. Não foi desta... O mar estava agitado e para além de uma acentuada dor nas costas, só uns golfinhos... E o Sado tão perto de Lisboa...

E a mesma história do Pico e Faial: "Ainda ontem vimos três cachalotes"... Porquê sempre três?... Não podia ser outro número? Parece a história do "três, foi a conta que Deus fez"... E foi sempre ontem. Porque não hoje?...

Depois deste desaire, urge alugar um carro para sair de Ponta Delgada e começar a conhecer S. Miguel.
“Este é mais caro, aquele é pior”… Decisões, decisões, decisões… É só um carro… Escolhido, aqui vamos nós!

Costa sul/leste: A ilha é uma imensa Arrábida. Mar e verde por todo o lado.

Viragem para as Furnas. Para além do vulcão dos Capelinhos, aqui estão os Açores do meu imaginário. As caldeiras, tirando o cheiro infernal, são do mais espectacular que já vi.

Parque Botânico das Furnas: Banho de água quente, com um jardim paradisíaco como cenário. Podia passar aqui uma semana que recuperava a sanidade há muito perdida…

Festival de Sabores das Furnas: Introdução a sabores diferentes, com preços acessíveis e com direito a variedades. Uma experiência única!

Saldo do dia: Um dia semi-cheio. Só faltou a Baleiazinha… Até aquela que ontem deu à costa na Ribeira Quente, já morta, foi-se embora quando soube da minha vinda… Acho que vou reescrever o Moby Dick…

Dia 6 – Uma folga nas baleias

Destino: Vertente norte de S. Miguel. Saída para a Ribeira Grande, não sem antes uma passagem pelos Futuristas, para briefing sobre as “minhas” Baleias…

A caminho da Ribeira Grande, desvio para Rabo de Peixe. Conhecer pessoalmente aquela que é apontada como uma das terras mais pobres de Portugal. A chegada, vindo do sul é surpreendente: As enormes vivendas faziam pensar que tudo tinha mudado.
Pura ilusão… As pessoas do lugar não deixam margens para dúvidas. É uma experiência da vida perceber a dignidade na extrema pobreza e degradação.

Saída para Santana para almoço num restaurante que, afinal, está fechado. Alternativa: Ala Bote, na Ribeira Grande. Um dos piores arrozes de marisco que já transpuseram estes lábios… Porque é que não dei ouvidos aos conselhos e não escolhi Cataplana (ou seria Caldeirada?...) de cherne?...

Após a desilusão gastronómica, ala que o bote ficou para trás e ainda há muito para ver.

Caldeiras de Ribeira Grande: Se a natureza houvesse produtos made inChina, estas caldeiras seriam esses produtos quando comparados com as das Furnas… Mas quem mostra o que tem a mais não é obrigado…

Placas a indicar a Lagoa do Fogo. Desafio: Perceber para onde fugiram as próximas placas…
Insistência, porque a visita valeria a pena, com nova abordagem. Desta feita pelo sul. Apesar das nuvens (esse eterno “obstáculo”) lá estava ela. Não na sua plenitude mas a sua beleza não deixava margens para pensamentos negativos.

Descida para a Caldeira Velha, com direito a banho e tudo. É gira, apesar das folhas e ramos no fundo darem uma sensação de que algo mais vivo poderia andar por ali também… Pés mais sensíveis não gostaram dessa sensação.

Rumo ao nordeste que é apresentado como um dos “segredos” de S. Miguel. Curva, contracurva, mais curva e outra contracurva (ou seria ao contrário?) até aos Moinhos da Achada. Espaço lindíssimo, muito bem recuperado e que merece uma visita mais alongada.

A caminho, com episódio “salão de chá”: Momento único, com vacas nomeio da estrada à mistura, ultrapassagens perigosas ao gado vacum e tudo.

Chegada ao Nordeste já noite cerrada. Lisboeta tem a mania de se esquecer que jantar a partir das 21h não é um hábito inteiramente nacional… Sem tempo para ver o que quer que seja (mas mesmo assim deu para perceber que o local merece também uma visita demorada), toca a fugir para outro lado a ver se dá para matar a fome…

E eis que aparece Povoação.
Povoação acolhedora, esta Povoação! Sem fofas mas com todos os ingredientes, são 22h30m e cá estamos nós a comer uma bela pizza que, àquela hora, foi um verdadeiro manjar dos deuses.

Caminho para Ponta Delgada, com direito a mais uma paragem no Festival Gastronómico das Furnas porque as Papas Grossas tinham ficado na memória palativa.

Ponta Delgada nunca me pareceu tão acolhedora e amanhã esperar o telefonema para saber se se pode ir ver Baleias…

Dia 7 – O encanto das Cidades

Não. Ninguém ligou… Não será desta que as Baleias serão vistas. Começo a pensar que será um animal imaginário…

Então vamos conhecer as lagoas. As do outro lado.

“Breathless”. O termo inglês é o melhor para descrever a sensação de ver estas autênticas obras primas da natureza…
Todas, sem excepção, merecem uma visita.

Almoço nas Sete Cidades que, afinal, é só uma e nem sequer cidade aparente ser… Mas que o nome tem um certo encanto, lá isso tem…

Visita ao Vale do Silêncio. Local mágico e espectacular! Pena ser Domingo e os locais irem para lá com as pick-ups a debitarem decibéis suficientes para arruinarem a paz e silêncio ali vividos. Mas a terra é de quem a goza…

300 mil fotos depois, tiradas de todas as vistas descobertas, rumo à costa oeste. Praia da Ferraria. O fenómeno mais incrível que vivi até hoje! Tomar banho de mar ultra-quente em condições únicas é uma experiência que só acredito poder repetir ali, naquele lugar!
Até me queimei no mar. E isto não tem qualquer sentido figurado!
A piscina natural tem o mar a alimentá-la e uma caldeira vulcânica a aquecê-la. Um verdadeiro espectáculo. Imperdível!
Mónica, para além de tudo o resto, Vale do Silêncio e esta Praia só foram possíveis graças a ti. Muito obrigado pelos conselhos!

Mais uma passagem pelas Sete Cidades e rumo a Ponta Delgada para poder buzinar pela vitória de Portugal, graças a um golo do “filho cá da terra”.

Jantar sem grande memória e copos no bar do hotel, esses sim, de muito boa memória. Entretanto a dúvida mantinha-se: Será que amanhã telefonam?...

Dia 8 – O regresso, infelizmente…

Acordar, tomar o pequeno almoço, voltar para o quarto e dormir outra vez… O sono também aperta e, antes que digam mal, deixem dizer que o pequeno almoço no quarto tem menos hipóteses de escolha…

Última saída para ver e, sobretudo sentir, S. Miguel.

Primeira paragem: Plantação de ananases Arruda. Plantinha, ananás miniatura, ananás maior e, finalmente, pronto para a colheita. Bolas que entre a primeira fase a última a coisa demora 18 meses… Duas gestações humanas… É obra!

Novo destino: Lagoa. Lapas, cavacos e cherne grelhado, tudo regado por uma “Especial”. Especial foi este almoço que ficará na memória durante muito tempo, independente da “tia” ter tentado estragá-lo com a sua conversa ininterrupta em altos berros…

Fuga rápida à Lagoa do Fogo que as nuvens deram algum descanso.
E agora sim, em todo o seu esplendor, é um cenário único.

Um chá das 15h (também tem um 5) para conhecer uma das plantações únicas da Europa. É bom, é nosso e merece a pena!

Regresso a Ponta Delgada, com mini visita pela cidade. Infelizmente a primeiras impressões persistem…

Depois de mais uma “Laranjada”, essa bebida deliciosamente artificial, toca a ir buscar as malas ao hotel e ala para o aeroporto que há um carro para entregar.

Mais uma vez, burrice de Lisboeta! Chegar ao aeroporto muito cedo não é só desnecessário, como é pura estupidez… Razão tinha a cara metade…
Nada para fazer e o voo, como seria de esperar, está vazio…

Viagem engraçada, com direito a comissário de bordo VIP e tudo! Os fotógrafos da Grazie é que não estavam lá para registar o momento…

Chegada a Lisboa… E a promessa de um regresso. Para cumprir…

Ah… Não ligaram dos futuristas… Baleias são um animal imaginário. Mito marítimo. Pelo menos aqui foram…