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terça-feira, 14 de agosto de 2007

Gestão por sms

As novas tecnologias têm destas coisas. São muito úteis até ao momento em que o exagero as torna perfeitamente inúteis.

Primeiro conheci um director de uma empresa de comunicação que "falava" com os seus colaboradores (cerca de 15) por sms. Mesmo as decisões mais estruturais, aquelas em que ficava bem uma explicação pessoal, eram anunciadas por esta via. Os resultados eram os melhores possíveis! Não melhor maneira de deixar toda uma equipa contra toda e qualquer medida...

Depois descobri que é possível existir um director de outra empresa de comunicação contactar os seus clientes, mesmo no meio de uma crise aguda, dizendo, por sms, claro está, que "estamos disponíveis para o que for necessário". No meio da agitação normal em situações de crise, não melhor que receber uma mensagem reconfortante como esta...

Será que estes gestores conhecem a comunicação pessoal? Ao vivo e a cores? Será que percebem que o telemóvel, para além dos sms, também dá para falar?

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Uma colheita assistida, por favor...

A questão da natalidade (ou melhor da ausência dela) nos países desenvolvidos está na ordem do dia. Como gosto de ser uma pessoa informada e ligada aos movimentos do momento, resolvi fazer um espermograma para ver se a tal questão (ou a ausência dela) não tinha nada a ver com factores biológicos da minha pessoa.

Acontece que, para mal dos meus pecados, vejo filmes e séries americanas, onde os senhores que vão fazer a colheita para a referida análise são tratados decentemente e encaminhados para salas confortáveis, onde existem estímulos visuais (entre impressos e videográficos) para facilitar o normal decorrer da coisa.

Pois... Parece que essa coisa é mesmo nos filmes e séries americanas... No nosso Portugal, pela minha experiência, a coisa não é bem assim... É mais:
- Fez a colheita em casa?
- Mas não era suposto fazê-la aqui? É que me disseram que era mais seguro para os resultados.
- Sim, pode fazê-la aqui.
(Influenciado pela cultura audio-visual americana, pensei "É lá, vou começar o dia com estímulos visuais. E pode ser que seja melhor que o canal XXL - para quem não sabe é o novo nome para o mítico canal 18)
- Aqui está o frasquinho, pode ir ali à casa de banho (que por acaso tinha o símbolo de mulheres...). Lave bem as mãos, lave também o dador e cuidado para não deixar resíduos no mesmo.
(Desculpe??? Na casa de banho? Das mulheres? Assim, sem mais nem coisa? Lave as mãos e o dador? E os estímulos? Onde estão os estímulos???)
Diz-me o senhor doutor:
- Na parte de dentro da porta há um fecho para sua privacidade.
(Bom só faltava ter que fazer a tal da colheita sem estímulos e ainda me arricar a que entrasse a matrona de 60 anos que lá estava a fazer análises ao sangue pela porta a dentro... Aliás, só a idéia dessa possibilidade era suficiente para que a colheita morresse por ali...)
- Quando acabar, leve esse frasco ali ao meu posto de trabalho?
(E já agora não quer também um cafézinho, não???)

Bom... Análise, é análise e se já molhei as mãos a fazer colheitas de um líquido amarelo que o dador também expele, porque não tentar concentrar-me neste novo desafio?

Mas não é fácil... Casa de banho. Sanita com a tampa para cima (deve haver aí uns tarados a quem isso servisse de estímulo. Não é o meu caso...). Azulejos cor de fralda de bébé usada. lavatório asséptico e, para facilitar a coisa, um espelho enorme na parede.

Sim. A coisa já é gira, sem qualquer estímulo, e ainda um espelho para a malta poder ver-se enquanto tenta levar a colheita a bom termo. Quem foi a mente brilhante que resolveu fazer daquela casa de banho o ponto de recolha destas colheitas? Com um espelho daquele tamanho?

E o frasco?... Estas colheitas não são propriamente auto-dirigíveis. Como é que querem que uma pessoa se concentre o suficiente para conseguir fazer a colheita e, ao mesmo tempo, consiga acertar na porcaria do frasco que se fosse mais estreito era uma verdadeira proveta... Agora já conheço o verdadeiro conceito de bébé-proveta...

Enfim... Eu pergunto: Se não querem dar estímulos visuais aos utentes, porque não tentar a colheita assistida? A senhora da recepção até seria uma boa ajuda... Ou talvez não... Ou será que o facto de a casa de banho disponível ser para senhoras é entendido como estímulo suficiente?

Senhores, já não sou adolescente... A coisa já não funciona assim...

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Assim vai a cultura em Portugal II...

Diz a nota de imprensa do Ministério da Cultura/Instituto dos Museus e da Conservação: "Tendo, nos termos da lei, o Museu Nacional de Arte Antiga ficado na dependência do Instituto dos Museus e da Conservação e impondo-se, consequentemente, a existência de uma relação de boa cooperação pessoal e institucional do Director do Museu com o Director do Instituto dos Museus e da Conservação, afigurou-se melhor para o futuro do Museu Nacional de Arte Antiga a nomeação de uma outra pessoa".

Ou seja, por muito bom profissional que sejas, convém que simpatizem muito contigo ("boa cooperação pessoal"...) para que continues no lugar onde, por acaso até já deste excelentes provas de competência...

Independentemente do valor que o novo director nomeado possa ter (esse senhor não está em causa), parece que a palavra de ordem é: Quem não está comigo, está contra mim.

Volto a dizer: Senhora Ministra demita o presidente (sim, com letra pequena porque não merece mais do que isto) do Instituto dos Museus e da Conservação e, aproveite a boleia e demita-se também.

É que já estamos fartos da incompetência a que nos tem habituado!

Assim vai a cultura em Portugal...

Dalila Rodrigues foi afastada do Museu Nacional de Arte Antiga... Segundo o Director do Instituto dos Muses e Conservação porque manifestou publicamente divergências em relação à política do mesmo.

Acontece que, com esta directora, o MNAA beneficiou da angariação de fundos privados que permitiram a recuperação de tectos que entretanto tinham caido, bem como a organização de exposições temporárias e outras iniciativas que contribuíram para a duplicação do número de visitantes, de71.973 em 2003 para 192.452 em 2006. Simultaneamente, as receitas aumentaram de 250.000 para mais de um milhão de euros.

Por tudo isto, acho perfeitamente inadmissível que uma profissional que deu largas provas de grande competência seja afastado do seu cargo público por divergências de opinião em relação ao Instituto que tutela os Museus em Portugal.

Se o director deste Instituto tentasse replicar o excelente exemplo dado por Dalila Rodrigues no que diz respeito à valorização de um Museu, talvez Portugal não tivesse os seus Museus ao abandono e subsídio-dependentes.

Mas esta classe política prefere a subserviência e dependência dos apoios estatais (para poder controlar melhor as opiniões) do que ter pessoas capazes e com iniciativa à frente das instituições.

Dalila Rodrigues foi vítima do seu profissionalismo e sucesso. Num país cheio de mentes medíocres e inveja, quem sobressai corre estes riscos.

Senhora Ministra, em vez de afastar Dalila Rodrigues afaste o presidente do Instituto. E já agora aproveite o ímpeto e afaste-se a senhora também. É que com medidas destas a cultura nacional nunca sairá da mediocridade onde a senhora parece sentir-se tão à vontade!