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terça-feira, 7 de agosto de 2007

Uma colheita assistida, por favor...

A questão da natalidade (ou melhor da ausência dela) nos países desenvolvidos está na ordem do dia. Como gosto de ser uma pessoa informada e ligada aos movimentos do momento, resolvi fazer um espermograma para ver se a tal questão (ou a ausência dela) não tinha nada a ver com factores biológicos da minha pessoa.

Acontece que, para mal dos meus pecados, vejo filmes e séries americanas, onde os senhores que vão fazer a colheita para a referida análise são tratados decentemente e encaminhados para salas confortáveis, onde existem estímulos visuais (entre impressos e videográficos) para facilitar o normal decorrer da coisa.

Pois... Parece que essa coisa é mesmo nos filmes e séries americanas... No nosso Portugal, pela minha experiência, a coisa não é bem assim... É mais:
- Fez a colheita em casa?
- Mas não era suposto fazê-la aqui? É que me disseram que era mais seguro para os resultados.
- Sim, pode fazê-la aqui.
(Influenciado pela cultura audio-visual americana, pensei "É lá, vou começar o dia com estímulos visuais. E pode ser que seja melhor que o canal XXL - para quem não sabe é o novo nome para o mítico canal 18)
- Aqui está o frasquinho, pode ir ali à casa de banho (que por acaso tinha o símbolo de mulheres...). Lave bem as mãos, lave também o dador e cuidado para não deixar resíduos no mesmo.
(Desculpe??? Na casa de banho? Das mulheres? Assim, sem mais nem coisa? Lave as mãos e o dador? E os estímulos? Onde estão os estímulos???)
Diz-me o senhor doutor:
- Na parte de dentro da porta há um fecho para sua privacidade.
(Bom só faltava ter que fazer a tal da colheita sem estímulos e ainda me arricar a que entrasse a matrona de 60 anos que lá estava a fazer análises ao sangue pela porta a dentro... Aliás, só a idéia dessa possibilidade era suficiente para que a colheita morresse por ali...)
- Quando acabar, leve esse frasco ali ao meu posto de trabalho?
(E já agora não quer também um cafézinho, não???)

Bom... Análise, é análise e se já molhei as mãos a fazer colheitas de um líquido amarelo que o dador também expele, porque não tentar concentrar-me neste novo desafio?

Mas não é fácil... Casa de banho. Sanita com a tampa para cima (deve haver aí uns tarados a quem isso servisse de estímulo. Não é o meu caso...). Azulejos cor de fralda de bébé usada. lavatório asséptico e, para facilitar a coisa, um espelho enorme na parede.

Sim. A coisa já é gira, sem qualquer estímulo, e ainda um espelho para a malta poder ver-se enquanto tenta levar a colheita a bom termo. Quem foi a mente brilhante que resolveu fazer daquela casa de banho o ponto de recolha destas colheitas? Com um espelho daquele tamanho?

E o frasco?... Estas colheitas não são propriamente auto-dirigíveis. Como é que querem que uma pessoa se concentre o suficiente para conseguir fazer a colheita e, ao mesmo tempo, consiga acertar na porcaria do frasco que se fosse mais estreito era uma verdadeira proveta... Agora já conheço o verdadeiro conceito de bébé-proveta...

Enfim... Eu pergunto: Se não querem dar estímulos visuais aos utentes, porque não tentar a colheita assistida? A senhora da recepção até seria uma boa ajuda... Ou talvez não... Ou será que o facto de a casa de banho disponível ser para senhoras é entendido como estímulo suficiente?

Senhores, já não sou adolescente... A coisa já não funciona assim...

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